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Smart streets: é possível viver a cidade de forma mais inteligente

15/10/2021

Por Débora Morales*

De acordo com previsões da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 70% da população mundial viverá em áreas urbanas até 2050. Esse crescimento da urbanização resulta em uma pressão significativa sobre a habitação, transporte, sistemas de energia e demais infraestruturas. Iniciativas de cidades inteligentes que produzam avanços em tecnologia de sensores, Internet das Coisas (IOT), computação em nuvem, rede e ciência de dados são consideradas fundamentais para oferecer soluções à urbanização.

Essas tecnologias podem beneficiar área urbana que busque usar dados para otimizar operações. Como as ruas, que desempenham funções econômicas e sociais e representam o domínio público do que é consumido ativa e passivamente, dependendo de como está estruturada. 

As chamadas ruas inteligentes combinam elementos tradicionais do domínio público com sistemas ciberfísicos para fornecer serviços aprimorados. O grau da inteligência vem da aplicação de dados em tempo real obtidos por sensores físicos e virtuais; da interconexão entre diferentes serviços e tecnologias da área urbana; da inteligência da visualização e interpretação dos dados para a otimização de operações resultantes dessa análise.

Existem soluções e aplicações de tecnologias digitais para melhorar e tornar as ruas mais inteligentes. Como o mobiliário urbano responsivo, que usa tecnologia para tornar as ruas mais fáceis para pessoas com deficiência, incluindo mobilidade reduzida, baixa visão ou cegueira. Consiste em sinais digitais e sistemas de beacon instalados ao longo da rua que podem disponibilizar mensagens de áudio com informações, tempo de travessia mais longos e iluminação mais forte, que são ativados por meio de smartphones quando os usuários se aproximam de um item responsivo.

As ruas inteligentes também podem ceder à comunidade ações locais para melhorar a sustentabilidade ambiental. Um exemplo é a lixeira inteligente, uma solução para coletar embalagens vazias e aumentar as taxas de reciclagem com um sistema de recompensas. As lixeiras são dispositivos capazes de classificar e compactar os recicláveis automaticamente, com sensores que controlam o nível de enchimento de cada lixeira. O processamento e gerenciamento são feitos via aplicativo, melhorando a gestão de tempo e eficiência da coleta. Assim como o sistema de recompensa por pontos que podem ser trocados por descontos em comércio na rua onde essa solução esteja instalada.

Os sensores monitoram a qualidade do ar, som e vibração, água parada, microclima, tráfego, dentre outras atividades. Isso pode ser usado para informar e auxiliar em decisões para reduzir a poluição e aumentar a eficiência energética. 

A Internet das Coisas promete uma ampla gama de infraestrutura verde, incluindo postes de luz inteligentes com iluminação eficiente e detecção ambiental; bancos inteligentes alimentados por energia solar e híbrida, que servem como pontos de carregamento para smartphones e e-bikes; pavimentação que coleta energia cinética para alimentar iluminação. 

Uma rua permeada por tecnologias digitais irá gerar uma quantidade significativa de dados a partir dos objetos inteligentes no espaço e interações ativas e passivas do usuário com esses materiais. Medir e informar os impactos das intervenções na rua inteligente ajuda a tomar melhores decisões sobre a alocação de recursos, assim como comunica o progresso aos formuladores de políticas e à comunidade, construindo, portanto, apoio político e comunitário para financiamento de futuros projetos.

 

*Débora Morales é mestra em Engenharia de Produção (UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia e inovação e tecnologia, especialista em Engenharia de Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia. Atua como Estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).